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O Despertar Espiritual (2ª  Etapa ) Adolescência

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O Despertar Espiritual (2ª  Etapa ) Adolescência

Hoje sei que Deus é Amor, pleno e puro Amor.

Deus não castiga ninguém.

Mas  naquela época fui crescendo  nessa educação na  família, na escola, na sociedade.

Éramos apenas  seres terrenos, materiais, que vivíamos na Terra, e Deus estava no céu, precisávamos por isso nos portar bem, senão Deus castigava-nos.

Espiritualidade era então para mim naquela época: o sermos boas pessoas, ajudarmos os outros,  e não fazermos coisas más , que eram pecado, e assim iriamos para o céu. Quem se portava mal iria para o Purgatório que era um lugar intermédio ou na pior das hipóteses iria para o Inferno, onde estavam as pessoas más.

Poderíamos também rezar e fazer pedidos, e esperar que Deus nos ouvisse e nos atendesse.

Fui crescendo, e continuando na catequese, e lembro-me de nesse processo , já com uns 15 anos, fazer imensas perguntas ao Padre que era o meu catequista nessa época.

Certo dia  ele disse-me  assim:” Paula, o que estás aqui a fazer, se não acreditas em nada disto? ”

E eu respondi-lhe: Sr. Padre eu só quero perceber a verdade das coisas, o porquê?

Isto  tudo não me faz muito sentido.

E o que era “isto” ?Perguntas-me tu.

Era   por exemplo, nos ensinamentos de Jesus e da Bíblia serem contra as imagens e o culto ás imagens, e nós termos imagens de santos, nas igrejas e fazermos procissões.

Era a palavra de Deus dizer que ” não se deviam adorar imagens” e as pessoas fazerem procissões de vários km a pé atrás de uma imagem da “Nossa Senhora Peregrina”.

Era Jesus se zangar por haver senhores fazendo negócio dentro do templo e nós  hoje em dia termos coletas na igreja, pagar-se por missas e funerais, casamentos, etc…. e em Fátima existirem imensas lojas de souvenirs .

Era eu perguntar …,se Deus está em todo o lugar e vê e sabe tudo , então porque temos que nos confessar a um padre e ter que ir a uma Igreja rezar?

E por aí vai..

Fui- me desligando aos poucos da religião embora gostasse e me sentisse bem dentro de uma Igreja.

Acabava por sentir sempre uma certa calma, paz, serenidade dentro desse espaço, principalmente se  a igreja estivesse vazia.

 

Mas as coisas iam cada vez mais se contradizendo. Os padres e freiras não cumpriam o que pregavam.

 

Com 16 anos vivi um ano num Lar de Freiras na ilha Terceira,

Era uma casa de acolhimento para estudantes.

Na ilha de S. jorge, onde eu vivia, só existia estudos  até ao 9º ano, então era necessário ir viver para outra ilha para continuar a estudar. Assim ficávamos nesse Lar  para raparigas para sermos “protegidas” pelas Freiras.

Existia um outro Lar só para rapazes.

Nesse tempo de estadia nesse lar, tínhamos missas semanais dentro do Lar,  rezávamos terços diários em algumas épocas do ano,  fazíamos retiros espirituais, mas  vivíamos como se estivéssemos num quartel da tropa cheio de regras.

A comida era racionada, só podíamos comer certa quantidade.

Tínhamos  um caderno para  escrever para onde íamos, e com quem, e a que horas pensávamos regressar.

Só podíamos sair á rua até as 18horas.

Ao sábado podíamos sair á noite para irmos ao cinema. Claro que a maioria  das meninas iam para outros lugares.

Tínhamos também que lavar a nossa roupa à mão, apesar de terem máquina de lavar roupa no lar.

Nessa época fiquei desiludida com a Igreja Católica, aquilo não fazia nenhum sentido. Passávamos o tempo com rezas, mas na rua existiam mendigos e nunca vi as freiras irem  levar-lhes um prato de comida.

Um senhor estava a precisar de  socorro na rua, estava a passar mal, havia na rua várias pessoas de roda dele a darem assistência, eu estava a assistir pela janela do lar.

Na época não existiam telemóveis  como hoje em dia, era necessário ligar para uma ambulância e eu queria ligar do telefone  fixo do Lar, mas  esse telefonema foi-me negado.

Nada do que lia e aprendia, era vivenciado no dia a dia pelas pessoas.

Iam á missa todas as semanas, mas continuavam a fazer o mesmo de sempre. Não aplicavam na prática o que na Igreja se falava, inclusive os próprios padres  e freiras.

A religião pregava o ajudar o próximo, o ajudar o pobre, mas não passavam da teoria.

As pessoas boas, ou que achávamos boas afinal tinham problemas, dores, doenças, mortes etc..

As pessoas que achávamos más, afinal viviam super bem e felizes e não eram castigadas.

Muitas pessoas não achavam que Deus era justo, ou bom devido ao sofrimento que tinham ou viam familiares  a ter.

E assim iam as minhas observações, reflexões.

 

Li  também  nessa época da adolescência o livro  “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, livro do escritor José Saramago que recebeu o prémio Nobel da Literatura. Esse  livro  foi comprado pela minha mãe que também gostava de ler e ao lê-lo deixou-me a cabeça à roda.

Deixo-vos aqui o link ,caso vos interesse.

https://www.wook.pt/livro/o-evangelho-segundo-jesus-cristo-jose-saramago/15825485

 

Ao mesmo tempo que ia fazendo este processo de catequese e pesquisa , ia vivendo  a vida de estudante, e as descobertas de sair à noite, namorar, festas com amigos, a descoberta do  álcool e tabaco.

Tive a sorte de ter sabedoria para não me colocar no caminho das drogas ilícitas, pois tinha conhecido alguns exemplos  de vidas desgraçadas pelo vício da droga e isso deu-me discernimento para recusar as ofertas.

No entanto o álcool e o tabaco como eram aceites na sociedade, os adultos usavam-nos na rua, nos eventos sociais e familiares, então era uma coisa que os adolescentes  queriam testar e usar como forma de se sentirem adultos também. E talvez  fosse também o efeito rebeldia.

Hoje sei o quanto os adolescentes são inocentes e ignorantes, o acharem que o que os adultos fazem é bom e correto. Se eles soubessem o quanto os adultos são falhos, o quanto os adultos erram e fazem coisas prejudiciais para si mesmos e para a sua saúde e vida, inclusive  prejudiciais para a usa família.

Possivelmente tomavam outros exemplos como regra e tinham outro tipo de comportamentos.

Na vida podemos aprender pelo exemplo dos outros, ou pela nossa própria experiência, mas muitas vezes essa aprendizagem pela nossa experiência é cheia de dor e sofrimento.

Aprende-se a bater com a cabeça, aprende-se pela dor. Mas seria muito mais interessante termos sabedoria para aprender pela observação, aprender pelo exemplo que os outros nos dão, e vermos o que trás ou não bons resultados.

Neste caso do álcool e tabaco podemos verificar o quanto de estragos eles fazem a nível de saúde, gastos financeiros e problemas sociais e familiares.

E eu  lá ia caminhando neste processo de erros e acertos, experiências mais ou menos doloridas.

O sofrer de amores, … o sofrer de amores, a busca do príncipe encantado e os danos que isso me causou, mas isso fica para outra história.

 

E ficava ali sem saber se estava no caminho do bem ou no caminho do mal.

Se  eu era uma boa ou má pessoa.

Se iria para o céu ou para o inferno.

E  assim, cada vez ficava mais distante de todo esse universo da Religião Católica.

 

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